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Artigo de Opinião - Legendagem ou dobragem?

  • André Carvalho
  • 15 de fev. de 2016
  • 3 min de leitura

Durante muito tempo opinei e defendi que as legendas só traziam vantagens aos espectadores, só então após ver o mesmo filme duas vezes, uma em cada tipo de sistema diferente (legendado/dobrado) e analisar e interpretar também as diferenças, é que me apercebi o quão errado me encontrava.

Por um lado, e defendendo as legendas, são, muitas vezes, bastante mais eficazes que as dobragens. Em primeiro lugar, é-nos muito mais fácil acompanhar aquilo que é dito, enquanto nas dobragens há dispersões de tempo de fala para fala. Em segundo lugar, em nada altera o som original da película e permite uma avaliação mais precisa do desempenho dos atores, sendo que a organização da legenda permite, por vezes, uma melhor compreensão daquilo que é dito.

No entanto, e como é óbvio, apresentam algumas desvantagens, como por exemplo, o facto de tapar uma faixa da imagem, que embora seja muito diminuta, pode, por vezes, ter um peso fundamental para a compreensão do que se vê. Mais grave do que isso é que atrai a atenção do espectador para a parte de baixo da película, desviando a atenção do centro do ecrã onde, geralmente, está o foco principal.

Em relação às dobragens, devo dizer que, pela experiência que tive, em cima mencionada, dão-nos algumas vantagens, as quais muitas vezes não prestamos atenção. As dobragens não cobrem nenhuma parte do filme, e toda a atenção do espectador é para o centro de ação. Mais importante que isso é que permitem a compreensão do filme a todos os nativos, ou seja, quer os mesmos sejam analfabetos ou tenham dificuldades de leitura.

Porém, eliminam as vozes originais dos atores, sendo que, acabam por perder credibilidade. Por muito bom que o ator que está a dobrar um filme seja, dificilmente acredito que seja possível fazer uma repetição daquilo que foi dito, exatamente com o mesmo tipo de sentimento ou acentuação que o ator original disse, embora sejam línguas diferentes.

Não devemos esquecer, também, que as dobragens eliminam o acesso ao texto original, ou seja, nem quem percebe bem, ou parcialmente a língua consegue perceber determinados trocadilhos. Embora, por vezes, aconteça que os trocadilhos também não são muito bem interpretados nas legendas, estas permitem sempre uma análise mais detalhada do trocadilho devido às vírgulas e estruturação da frase, mas nem sempre é possível.

As desvantagens acima mencionadas são, principalmente, as razões que me levam a preferir filmes e séries legendadas, a dobradas. Não nos devemos esquecer, no entanto, que as dobragens são feitas, normalmente, para determinado público-alvo, sendo que são principalmente para crianças e idosos, estes últimos são mais propensos ao analfabetismo.

Legendagens e dobragens aparte, e para quem é adepto da língua inglesa, pois é nela que são realizados mais de metade dos filmes existentes, devo admitir que me dá um certo gozo poder ver um filme ou acompanhar uma série sem qualquer tipo de alteração. Isto, por vários motivos: em primeiro lugar, permite que seja possível captar possíveis erros no que se está a ver, porém, também há uma probabilidade muito maior de captar certos pormenores importantes que não se captam quando o filme está legendado ou dobrado.

Em segundo lugar, parece tudo muito mais natural, ou seja, o ator está de facto a dizer aquilo, não parecendo forçado. As falas vão fluindo e, aquando da visualização de determinada película, não só estamos focados no que se está a passar, como parece tudo muito mais legítimo. Uma das principais vantagens de ver um filme sem dobragens ou legendas é que é tudo original, não há qualquer tipo de alteração ao que foi produzido.

A única série que acompanhei dobrada, embora tenha sido há alguns anos, foi a do Dragon Ball, que na minha opinião ainda hoje continua a ser uma das melhores dobragens feitas. Porém, sou adepto de séries legendadas, sejam estas em desenho animado, ou não. Em relação aos filmes, raramente vejo um que tenha sido dobrado, devido ao facto de todas as vantagens apontadas não serem suficientes para anularem as desvantagens, daí ver sempre com legendas, ou em versão original.

No entanto, e diariamente nos canais cinematográficos televisivos, deparamo-nos com filmes em versões originais e versões Portuguesas (mais no caso dos desenhos animados) e é notória, principalmente, a dispersão no tempo de fala e no chamado lipsyncing.


 
 
 

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