Primeiros contactos com as comédias italianas
- Fábio Santos
- 5 de nov. de 2016
- 3 min de leitura

Recentemente convidaram-me a assistir alguns filmes italianos, algo a que ainda não estava habituado e apenas tinha tido algum contacto com filmes clássicos, como “A vida é bela”. Conhecendo já um pouco do cinema português, do francês, do inglês e, o mais comum, do americano, decidi aceitar a proposta, começando por assistir o filme “Quo Vado?”, uma comédia italiana do corrente ano (2016).
O título “Quo Vado?” (em português, “Já foste!”) deriva de “Quo Vadis?” que significa “Para onde vais?”. O filme retrata a vida de Checco Zalone, um funcionário público que era apaixonado pelo seu trabalho, paixão essa que fora transmitida pelas suas gerações anteriores. O problema que se gera é que, devido a cortes no orçamento, Checco é obrigado a escolher: ou abandona o seu emprego e recebe um reembolso, ou é transferido para longe de casa. Checco aceita a transferência, apesar da muita insistência pelos seus superiores para que o abandone e aceite o reembolso, e é deslocado para trabalhar em locais cada vez mais complicados, indo inclusivamente parar ao Polo Norte, onde conhece uma mulher que lhe dá motivação para continuar e não desistir do seu emprego.


Notei imensas diferenças entre as comédias italianas e as de outros países, que já vira antes, como por exemplo, e talvez tenha sido o que me cativou mais, o uso de um personagem real conhecido por todo o país, adorado por alguns, odiado por outros. Checco Zalone é o nome artístico do ator, comediante e cantor italiano, e o seu aparecimento no mundo cinematográfico poderia ser comparado ao aparecimento do cantor português Quim Barreiros (que também teve pequenas aparições, nomeadamente no filme “Sete Pecados Rurais”, mas não teve um filme de comédia à sua volta, em que fosse o personagem principal).
Este não foi o único filme em que Checco interpreta o papel principal, vi também o primeiro filme em que entrou, de 2009, chamado “Cado Dalle Nubi” (Título sem tradução em português, significa “Eles caem das nuvens”). Este filme conta a vida deste personagem enquanto cantor sem sucesso. Procurando alcançar a fama, o cantor viaja para Milão, para casa do seu primo, em busca de ser reconhecido, e onde conhece uma mulher, Marika. O filme conta uma história de amor e muito desastre, pois chegado a Milão, Checco decide cantar músicas que criticam as pessoas do sul diante de uma plateia de calabreses (de Calábria, região a sul de Itália), ou sobre homossexuais, característica que o seu primo tenta esconder de toda a família, e que ele retrata na sua canção como sendo uma doença, ironicamente, numa festa de homossexuais.

O meu último contacto com o cinema italiano foi através da visualização do filme “Benvenuti al Sud” (Benvindo ao sul, em português), com a história de Alberto Colombo, papel interpretado por Claudio Bisio, um trabalhador dos correios que pretende uma transferência para Milão, de modo a poder dar uma vida melhor à sua família. Para isso, Alberto tenta passar por incapacitado, para conseguir passar à frente das muitas pessoas que também procuram ser transferidas para a grande cidade italiana. A farsa foi descoberta, e, em vez de ser transferido para o adorado norte, acaba por ser transferido para uma localidade perto de Nápoles, ou seja, indo para sul, a uma região muito estereotipada negativamente, tendo fama de ser um local de muitos assaltos e habitada por pessoas muito pouco civilizadas e nada higiénicas. O filme retrata a história de “sobrevivência” de Alberto numa nova região, muito temida por ele e pela sua família.

Estes filmes a que assisti, giram sempre em volta do próprio país, Itália, mostrando as belas paisagens italianas, quebrando estereótipos e querendo transmitir a ideia de beleza natural do país. Através da comédia, e com bastante ironia em cada cena, os filmes pretendem transmitir o melhor que o país tem para oferecer, mesmo em pequenas aldeias.
Certamente que voltarei a ver filmes italianos e a explorar um pouco mais esta área menos conhecida pela população portuguesa, aceitei o convite e gostei do que vi, tendo já alguns outros filmes em lista de espera, como “Benvenuti al Nord”, “Che Bella Giornata” ou “Sole a Catinelle”.
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