"Deadpool" - o primeiro filme da Marvel Studios para maiores de 13 anos
- Tiago Almeida
- 12 de mar. de 2016
- 3 min de leitura

Olhar para o poster na entrada da sala de cinema e ler “maiores de 13 anos” poderia parecer estranho, afinal este é “um filme de super-heróis”, certo? Não… muito pelo contrário. A 20th Century Fox viu-se obrigada a fazer dois “cortes” diferentes neste filme: um para maiores de 13 anos e outro para maiores de 18; um para os cinemas mais comuns e outro para os cinemas que quiserem investir e que virá a ser colocado em DVD’s e Blu-rays de “edição estendida”.
Para quem conhece a personagem isso seria espectável e talvez se desapontem em saber que, nas duas vezes que vi o filme no cinema (uma por gosto e uma segunda num tom mais de análise, após toda a excitação pela existência do filme ter passado), estavam crianças que não teriam mais de 10 anos na sala e nem sempre acompanhadas pelos pais. Será correto expor as crianças ao nível de violência (verbal e física), de sexualidade e de humor negro que este filme contém? Isso não me compete a mim julgar, apenas gostava que os cinemas portugueses respeitassem os “ratings” atribuídos pela indústria cinematográfica e barrassem a entrada aos que não apresentam as características requeridas para assistir ao filme.
Mas deixemo-nos de questões éticas e passemos ao que interessa: o filme.

Um dos pontos, que antes de sequer ver o filme me agradou de imediato, foi ver quem era o produtor: Ryan Reynolds. Não foi por ele ser um fantástico produtor, nem nada que se pareça, mas sim pela razão que o levou a produzir o filme: ele é um enorme fã da personagem Deadpool, o que me levou imediatamente a crer que ele se iria esforçar por fazer deste filme um filme à imagem da personagem. E de facto, fez.
A personagem Wade Wilson a.k.a. (Also known as) Deadpool é uma personagem que tem noção que está num filme e que constantemente mistura a realidade com o filme e com a pop-culture (ou cultura pop), abusando das referências e criticando outros filmes do género e não só. Este é um filme no qual se encontram mais referências e mais pormenores a cada visionamento, o que o torna um dos primeiros (se não mesmo o primeiro) com a capacidade de agradar a fãs de comics e a fãs de cinema em geral.
Mas nem tudo é um mar de rosas…

Existem dois pontos nos quais, como fã de comics, tenho de criticar o filme no que toca à sua história: o excesso de romantismo e a forma como o Wade e a Al se conhecem.
Não me interpretem mal, principalmente com a Copycat (nome de código que a personagem Vanessa virá a ter nas comics), o Wade tem um certo nível de romantismo, mas foi um pouco em excesso. Poderá ter sido pelo filme ter chegado aos cinemas no Dia dos Namorados e ter sido pré-planeado, mas o que é de mais enjoa, mesmo no dia de São Valentim.
O outro ponto é a Al (ou Al Cega, como lhe chamam na banda desenhada). Esta não deveria ter ido morar voluntariamente com o Wade (apesar de ser engraçada a referência à Craigslist). Ela devia ter sido raptada pelo Wade devido ao facto dele, enquanto mercenário, ter sido contratado para a matar e como não foi capaz de o fazer levou-a para morar consigo, onde a poderia proteger e, de certa forma, fazer dela a dona de casa necessária para equilibrar a sua falta de responsabilidade.
Por último, tenho que acrescentar que o ator Ryan Reynolds parece desempenhar dois papéis no filme com qualidades distintas: um Deadpool bastante bem representado e muito próximo da BD e um Wade Wilson que em alguns dos momentos parece forçadamente cómico e romântico. Não é que o Wade Wilson não tenha fragmentação psicológica, pois não só a tem, como tem vozes dentro da sua própria cabeça, mas a sua fragmentação apesar de distinta é coerente entre si, o que levou a que a aparente loucura do Wade parecesse forçada na pele do Ryan.
Considero que, estas críticas menos positivas não destroem a qualidade do filme, aliás este filme, na minha opinião, não é só um bom filme de super-heróis, mas também um bom filme de comédia, ou seja, é um bom filme. Como qualquer filme, não é perfeito, mas na minha opinião é claramente o melhor produto da Marvel Studios até à data, e talvez o seu sucesso venha a inspirar a empresa a preocupar-se mais com guiões e realização do que com efeitos especiais, mas isso, claro, e uma crítica para outro dia.
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