top of page

Love – Em busca do erotismo perdido

  • Joana Dias
  • 26 de fev. de 2016
  • 3 min de leitura

Pensar que pessoas saíram da sala após o choque dos primeiros minutos e perderam a última grande obra de Gaspar Noé, inquieta-nos. Cru. Será talvez a melhor forma de referir o filme “Love”, que estreou o ano passado e gerou controvérsia, deixando bem visível uma barreira entre os que se apaixonaram e os que não ficaram convencidos.

O realizador, que nos tem acostumado a filmes controversos, como “Irréversible”, que ficou conhecido pela demorada cena de violação, ou “Enter the Void”, que explora o uso de drogas na sua forma mais pura e alucinogénica, cria uma vez mais um filme sem barreiras, que não corta o plano quando duas personagens têm sexo. É em busca do erotismo perdido que surge este filme. “I just wanted to portray sexual passion as much as possible, because in real-life it's very common, but you don't see it properly portrayed onscreen.” (Gaspar Noé em entrevista para Indiewire).

Erik Satie, Funkadelic ou John Frusciante, numa excelente banda sonora, acompanham a excelente fotografia que nos faz querer registar quase frame a frame. Através de longos planos vemos as aventuras sexuais de um casal apaixonado.

“Love” conta com as interpretações de Aomi Myuock (Electra), Karl Glusman (Murphy) e Klara Kristin (Omi). “Do you know what my biggest dream in life is? My biggest dream is to make a movie that truly depicts sentimental sexuality.” (…) “I want to make movies out of blood, sperm and tears. This is like the essence of life. I think movies should contain that, perhaps should be made of that.” (Murphy). Refletidos os desejos de Gaspar Noé, Murphy ambiciona ser um realizador que trata a natureza das coisas sem existir lugar para o pudor.

Na sua forma mais crua e natural é-nos mostrada a relação entre Electra e Murphy, com os altos e baixos, com os sonhos e desilusões, com o sexo e por fim, o seu declínio. Murphy recebe uma chamada da mãe de Electra que recorre ao ex-namorado da filha para tentar saber do seu paradeiro. Não se conseguindo abstrair da ideia de que Electra pode não estar bem, Murphy começa a recordar todos os momentos que passaram. Gaspar Noé recorre, uma vez mais, a uma narrativa não linear que nos leva desde os momentos em que Murphy e Electra acabam até ao dia que se conheceram.

Agora com Omi, uma rapariga que ambos conheceram e com a qual tiveram sexo, motivo pelo qual mais tarde acabaram, vemos um Murphy arrependido que outrora partilhara o mesmo apartamento com Electra. Através do ópio volta a sentir-se perto de Electra, ainda que a mesma não passe de uma memória. Muitas das vezes angustiante, como a cena em que Electra grita a plenos pulmões para Murphy se ir embora. Noé demora-se e fá-lo tão bem que tem a capacidade de fazer com que o espectador queira fechar os olhos ou se sinta sufocado pela imagem que está a passar no ecrã.

Murphy, que não consegue lidar com a realidade em que se encontra, fecha-se na casa de banho e senta-se na banheira a recordar o primeiro dia em que esteve com Electra, naquele mesmo local a prometerem que nunca se deixariam. De tão bem conseguido corta-nos a respiração.

“No matter what, we protect each other from anyone who’ll ever stand between us.” Murphy.

 
 
 

Comments


PRÓXIMAS ESTREIAS:

18/02

Mustang - Deniz Gamze Ergüven

 

The Forest - Jason Zada

 

Trumbo - Jay Roach

 

Sadilishteto - Stephan Komandarev

 

Southpaw - Antoine Fuqua

 

Zoolander No.2 - Ben Stiller

 

 

  • Facebook B&W

SEGUE O CINESCÓPIO

bottom of page