"Cometa" - o universo fragmentado de Sam Esmail
- Rita Alves
- 9 de mar. de 2016
- 2 min de leitura

Romance, ironia e surrealismo é o que o filme “Cometa” nos apresenta sobre a forma de uma relação de seis anos entre Kimberly (Emmy Rossum) e Dell (Justin Long). Trata-se da história de um break-up, retratado numa narrativa não linear que vai saltando entre cinco momentos da relação entre o casal.
O tempo e o espaço são elementos fulcrais na história e, juntando este facto à conjugação dos tons azulados e rosas do filme, às passagens de tempo interligadas, às paisagens, tudo isto contribui para que o filme se torne algo surreal e transcendente a estas duas dimensões.
O argumento é bastante enriquecido pela ironia e profundidade dos diálogos entre as duas personagens cujas ideias colidem. Kimberly é uma pessoa do presente, optimista, enquanto que Dell pensa sempre no que pode acontecer daqui a 5 minutos, é um pessimista e analisa tudo. No momento em que Kimberly e Dell se conhecem, assiste-se a uma «premonição» do que vai acontecer nas suas vidas – Dell prevê que se vai apaixonar, prevê a detiorização da relação e a mudança provocada pelas vivências.
São cinco momentos que retratam o início da relação, o durante (com os seus momentos bons e maus) e, inevitavelmente, o fim. Todo o filme é um conjunto de recordações, diversos universos paralelos sobre o que «foi» e o que «podia ter sido» e, neste final, o espectador fica sem saber o que realmente aconteceu, o que foi sonho, o que foi desejo ou recordação. A primeira cena é também a que encerra a narrativa para completar esta ideia de fragmentação e, ao mesmo tempo, de algo circular.
É fácil o espectador sentir empatia com as personagens porque, de alguma forma, parece que retratam uma relação universalmente vivida sobre o que foi e o que poderia ter sido, sobre a realidade e os universos paralelos que a imaginação cria.
Um belíssimo filme, talvez um cliché mais bonito que outros. Este é o lado poético e escuro que Sam Esmail, argumentista e realizador da obra, retrata.“I wanted to do a movie about heartbreak. So I was thinking about what the emotions are when you break up with someone (…) What does that feel like?” – Palavra do realizador numa entrevista para a Vulture Hound Magazine.
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